Para o desfile Dior prêt-à-porter outono-inverno 2024-2025, Maria Grazia Chiuri explora os anos 1960, um período vibrante, intenso, de múltiplas transições. A Diretora Artística aborda esse momento crucial pelo prisma da história da moda, que está intimamente ligado à das mulheres, para as quais começavam a ser delineadas os esboços de uma nova emancipação.

Nesse contexto singular, propício a todas as audácias, nasceu a linha prêt-à-porter Miss Dior, concebida por Marc Bohan e confiada a Philippe Guibourgé, refletindo a vontade da Maison em atender aos desejos da próxima geração. Maria Grazia Chiuri homenageia então esse vestuário emblemático, infundido com o espírito livre e otimista dos Swinging Sixties. Um a um, o indispensável trench coat, ora texturizado, ora desconstruído, abre o desfile e gradualmente metamorfoseia-se em saia, tailleur ou parka técnica. Com códigos da alfaiataria masculina, cativantes tramas de lã são reinterpretadas em uma série de casacos, jaquetas bombers ou militares, além de conjuntos xadrez gráficos, sucessivamente revelados numa paleta de tons neutros ou vibrantes.

Trapézio ou plissada, mini ou média, lápis ou envelope, a saia se desdobra ao infinito, compondo silhuetas assertivas, com um toque lúdico e intenso. Uma atitude paralelamente encarnada pelo padrão leopardo que investe a passarela em uma série de looks all-over, sublimando com uma elegância felina um micro-short, um sobretudo com abotoamento duplo e um bolero de malha. Verdadeiro statement da moda, o logotipo “Miss Dior” se apodera da coleção em desdobramentos plus size, como um slogan incisivo, invocando essa noção sagrada de transmissão.

Para este desfile-manifesto, a artista indiana Shakuntala Kulkarni revelou uma instalação que reúne nove armaduras esculturais de sua série Of Bodies, Armour and Cages, que questiona a relação do corpo nos diferentes espaços que ocupa, a fim de mostrar a importância imensurável das roupas e da moda.