Para a ocasião da exposição Dior, Jardins enchanteurs, aberta ao público a partir de abril no museu Christian Dior de Granville, a Maison apresenta uma obra que celebra a paixão incondicional de Monsieur Dior e seus sucessores pela natureza. Uma visita pelo jardim de inspirações múltiplas por Tancrède Bonora.
“A coleção de inverno é elaborada durante o tempo dos lilases e das cerejeiras; a coleção de verão, quando as folhas começam a cair ou com os primeiros flocos de neve”, assinala Christian Dior em suas memórias, como uma declaração de amor às flores e ao ciclo natural das estações que o inspiraram grandemente na criação de suas coleções.
Tendo o estilista, vivido sua infância na Normandia, na Villa Les Rhumbs, em Granville, cercado por uma exuberante profusão de lírios e rosas. Um lugar de iniciação, de germinação de sua alma de jardineiro, antes mesmo de sua eclosão como estilista-perfumista, que no futuro faria brotar as incontornáveis linhas Muguet e Tulipe. Ou então, os vestidos vespertinos Vilmorin e Andrieux, uma referência aos famosos catálogos de jardinagem que Monsieur Dior lia quando jovem, esmiuçando o nome de cada espécie floral, que viriam a ser suas musas.
Desde 1947, para o seu primeiro desfile, o icônico New Look, ele desenha a linha Corolle, cujo corte dos vestidos remete ao desabrochar das pétalas de uma flor invertida. Um fio condutor poético, brotando incessantemente uma criação após a outra e dando vida a maravilhosas “mulheres-flores”. Violetas de lã bordadas pontuam o vestido de verão Fleurette, enquanto o perfume Diorissimo é adornado com uma tampa-buquê totalmente dourada, ou então o traje vespertino em musseline que adota o sugestivo e bucólico nome de Trèfle à quatre feuilles (trevo de quatro folhas). Assim como o lírio-do-vale – o amuleto da sorte que adornava sua botoeira –, que aparece invariavelmente em todas as suas coleções.
Além do interesse que Christian Dior nutria pela botânica e pelo paisagismo, o livro Dior,Jardins enchanteurs* – publicado pela Editions Rizzoli – revela como os diferentes Diretores Artísticos da Maison fizeram dessa influência essencial, uma matriz estrutural. Um convite para (re)descobrir as silhuetas Dior de 1947 aos dias de hoje, acerca de curiosidades fascinantes, sublimadas por fotos de arquivo de campanhas publicitárias e croquis preciosos.
Tecendo um diálogo entre passado e presente, o modelo Miss Dior, criado pelo estilista-fundador para a coleção primavera-verão 1949, se tornou uma fonte de inspiração inesgotável para seus sucessores. Se seu nome evoca a primeira fragrância dos perfumes Dior, cujo aroma era ditosamente borrifado por Monsieur Dior nos salões do 30, avenue Montaigne. Um nome que também ecoa em diversos modelos excepcionais criados por Maria Grazia Chiuri. Uma homenagem eterna a Christian Dior que via a alta-costura como uma bela florada, uma celebração à prodigiosa capacidade da natureza e da moda de se regenerar, de renascer perpetuamente: “Ela [a criação] é como o despontar da primeira framboesa ou do primeiro lírio-do-vale. Ela está à frente do seu tempo e é completamente inédita. Amanhã, pela maneira como será usada, ela ditará a moda de Paris, a moda do mundo. ”Uma obra primaveril, lançada em abril de 2025.
* Por Philippe Deliau, Barbara Jeauffroy-Mairet, Amy de la Haye, Vincent Leret, Brigitte Richart e Coline Zellal.