Para a coleção Dior Croisière 2025, apresentada no Castelo de Drummond, Maria Grazia Chiuri teceu um diálogo criativo com a designer britânica Samantha McCoach, fundadora, juntamente com sua avó, da marca Le Kilt. Retrato assinado por Marie Épineuil.
Quando criança, em todos os Natais e em qualquer ocasião especial, SamanthaMcCoach era presenteada com um kilt. Mas não um mero kilt. Uma peça repleta de história, feita à mão por sua avó italiana, Lena. Esta, que não falava a língua quando se instalou em solo escocês, tinha qualidades incontestáveis de costureira, que a fizeram dominar a arte de confeccionar e plissar o kilt.
Quando Samantha McCoach deixou Leith, onde cresceu, para estudar na Faculdade de Artes de Edimburgo1, ela manteve o hábito de usar os kilts de sua juventude, feitos por Lena, incluindo um Black Watch Tartan, originalmente associado à região dos Highlanders2. Diante do entusiasmo despertado por seu estilo, Samantha decidiu lançar em 2014, com o apoio da avó, sua própria marca: Le Kilt, cujo nome faz referência ao clube cult de Soho, em Londres.“Eu queria criar uma peça que encarnasse a identidade e as tradições da Escócia, uma homenagem às mulheres que são parte integrante da cultura escocesa. O tecido é o ponto de partida, e eu queria que ele captasse a alma desta terra sob um prisma moderno, associando suas cidades ecléticas e suas fascinantes Terras Altas”, explica Samantha McCoach.
1 Completando seus estudos em 2008, com um mestrado no Royal College of Art
Suas peças são inteiramente confeccionadas de forma sustentável, usando materiais naturais e locais: “Para os kilts da Dior, colaboramos com Lochcarron of Scotland, uma das últimas fábricas têxteis do Scottish Borders, e escolhemos usar um tweed 100% lã em tons verde selvagem, cinza pedra e castanho turfoso. Os elementos punks e rebeldes simbolizam o verdadeiro espírito subversivo do kilt: as bordas são deixadas em estado bruto, mas a construção e o acabamento tradicionais –incluindo as franjas e o drapeado – são preservados.”
Maria Grazia Chiuri, que se dedica a encorajar o talento das gerações mais jovens nas áreas do artesanato e da moda, ficou incontestavelmente seduzida pela filosofia da marca. Expressão da arte do detalhe tão cara à Maison, doze fotografias do desfile organizado por Christian Dior em 1955, em Gleneagles, foram reinterpretadas em patches finamente tecidos e depois fixados ao longo das dobras dokilt, tornando-o uma testemunha simbólica de destinos que se cruzaram. A designer confessa, “os kilts contam centenas de histórias”.